“As oportunidades estão em tudo, mas é preciso ver o mundo sem molduras para enxergá-las.” Igor Binder
Igor Binder, diretor de atendimento da agência, costuma dizer que, dos valores da Binder, é a inquietude que mais o representa. Desde os tempos de faculdade, quando foi assistente de estúdio de TV e editor na ilha de edição de vídeos, na PUC-Rio, não parou mais: foi agência, foi cliente, empreendeu lançando marca de camisetas e empresa de lunchbox. Há cinco anos no time da Binder (completos em maio), hoje é o diretor de atendimento, à frente de contas como Ambev, GM, Vale, Unimed Ferj, Prefeitura do Rio e Óticas do Povo. Neste papo, ele fala sobre o dia a dia e aponta alguns dos trabalhos mais marcantes vividos na agência.
Como diretor de atendimento em uma agência full service, você lidera e acompanha projetos para clientes com perfis bem distintos. Pode dar alguns exemplos do quão diferentes podem ser os jobs em uma única semana?
Igor Binder – Trabalhar de forma 360º realmente requer um pouco de jogo de cintura. E, claro, ter uma equipe multidisciplinar junto, sem “braço curto”. Isso faz toda a diferença!
Aqui lido com clientes com enfoque mais em publicidade tradicional (até mais offline mesmo); outros que demandam ideias de ativações envolvendo as mais variadas ramificações que conseguirmos, visando PR; alguns com demandas só de eventos corporativos pelo Brasil inteiro; ou ainda os que necessitam mais de desdobramentos regionais. É realmente bem diverso. Saio de uma reunião, viro a chave e começo outra totalmente distinta. É assim, várias vezes ao dia.
Qual foi o job mais desafiador que você viveu este ano, por exemplo?
Igor Binder – Este ano, o maior desafio com certeza foi o Encontro 360º, da Vale, que fizemos dentro de uma mina, em Minas Gerais. Com a presença de 250 pessoas e transmitido para milhares de funcionários, em todo o mundo, literalmente. Então, além de uma grande organização, cenografia, A&B, equipe/equipamentos e montagem de toda a infraestrutura dentro de uma mina, tínhamos que ter atenção aos detalhes da transmissão, com muitos testes de roteiro (tempos e movimentos), diretor de vídeo com cortes ao vivo, diretor de tecnologia, diretor de palco… muita gente envolvida e um superevento entregue. Não foi a primeira vez que fizemos o 360º para eles, mas foi o primeiro que criamos dentro de uma mina. O último foi dentro de uma embarcação. Este é o tipo de job que não se espera, e muita gente nem sabe que a Binder entrega.
E se pudesse escolher algum outro job marcante que viveu na agência ao longo dos últimos cinco anos, qual seria?
Igor Binder – Pela liberdade que tínhamos, um que, na verdade, foi um ano inteiro de jobs bem marcantes: cuidamos, ao longo de 2023, de todos os assets de conteúdo de Brahma Futebol, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Imagine ter nas mãos a gestão das contrapartidas que a marca tinha com os contratos ligados ao futebol? Estamos falando das redes sociais dos maiores clubes destes estados, dos maiores estádios e dos maiores campeonatos do Brasil… Foram muitas oportunidades de, como eles chamam dentro da Ambev, ser talk hunter (caçador de assuntos, em português).
O mais legal é que isso gerava oportunidades de ativações dentro ou fora dos estádios, aproveitando assuntos bem quentes que estavam no universo Brahma Futebol. Desde a comemoração do aniversário do Botafogo, com Zeca Pagodinho cantando em campo com um torcedor cego, até um projeto bem legal que envolvia a rivalidade entre o Galo e a Raposa (Atlético Mineiro x Cruzeiro).
O que é importante para o trabalho fluir bem, entre tantas demandas – on e offline, produção de conteúdo, criação de eventos e ativações?
Igor Binder – Acredito que ser um bom líder disso tudo. Ser o PO (Project Owner, dono de projeto), como chamam na metodologia ágil. É saber unir o time, demandar e motivar, cuidar de cada etapa e juntar todos, o tempo todo, para que as etapas evoluam em todas as áreas, mas garantindo uma coerência do projeto como um todo. Manter a unidade na hora que formos juntar as pontas para a apresentação ou entrega final.
Acho que o importante nisso tudo está em uma palavrinha que coloquei ali no meio: motivar. É manter o astral legal com todos os envolvidos, a parceria acima de tudo. É ver que eu estou sendo muitas vezes o portador do trabalho exaustivo, mas com o entusiasmo que a entrega final vai ser f#d@, e ninguém larga a mão de ninguém. E isso a Binder tem de sobra.
Recentemente você foi pela primeira fez ao Cannes Lions. Como se sentiu no evento mais importante da publicidade mundial e que aprendizado importante trouxe de lá?
Igor Binder – Eu me senti imensamente feliz e honrado de ter ido. Ano passado, a Binder levou dois criativos e, este ano, foram dois executivos. Achei ótimo e superimportante!
O aprendizado mais forte que eu trouxe é que o sarrafo lá é alto sim, mas que possuímos projetos, clientes e time para conquistarmos mais leões. Que podemos organizar melhor o que temos na casa para que se enquadrem bem nas categorias certas e ter a “coragem” de inscrever. Enxergar que nossos trabalhos fazem frente ao que existe por lá, talvez em outra realidade, mas que também se encontra em Cannes. Voltei com a motivação de ir atrás disso!
Quais os maiores desafios no planejamento e na execução de eventos e ativações? Pode contar mais sobre alguma ativação que teve impacto significativo para um cliente?
Igor Binder – Vou comentar uma ativação legal que fizemos para a Unimed-Rio, em 2021, que acabou sendo um evento também. E o mais legal dessa história é entender como veio o briefing e como o encaramos de forma única. E acredito que é aí onde está o nosso “motor” e a forma como tentamos ver o mundo aqui na Binder: sem molduras.
O briefing chegou para a gente da seguinte forma: “a Unimed-Rio vai fazer 50 anos, e queremos fazer algo impactante para a cidade”.
Para quem não sabe, a Unimed-Rio já era um cliente de grande presença em mídia exterior e rádio, então o mais lógico seria darmos uma cara nova para a campanha e seguirmos. E isso também ocorreu, mas com uma “cerejinha”: fizemos um show de drones na Lagoa Rodrigo de Freitas. E, para aumentar o impacto, convidamos influenciadores para participar e divulgar com antecedência, assim como bikedoors e outras mídias bem regionais para convidar o público a assistir ao presente que a Unimed-Rio tinha preparado para os cariocas. Promotores distribuíram sucolés do Claudio (um clássico de Ipanema/Leblon), Biscoito Globo e mate na orla da Lagoa, e abrimos também o pedalinho, de maneira gratuita, com bolas de LED verdes, para que mais gente pudesse assistir das águas.
Imagine milhares de cariocas aplaudindo a sua marca no céu? Foi o que aconteceu no final da exibição. E fomos responsáveis por tudo deste projeto, do planejamento à execução.
O mundo da publicidade é movido por concorrências, e o turnover de clientes é historicamente grande. Como administrar as demandas do dia a dia dos clientes e ainda se envolver em estratégias de prospecção e concorrências?
Igor Binder – Realmente, esta roda gira bem depressa mesmo. E, falando em turnover, devo dizer que temos um histórico satisfatório de clientes longínquos na Binder, como a GM, que estão conosco há 16 anos. A Unimed, mais de 7. Óticas do Povo, Vale, Ambev, Texaco, todos estão há pelo menos 4 anos. Enfim, é um saldo bem positivo.
Agora, para administrar estes e ainda cuidar de prospecções e concorrências, precisamos, e muito, de um time bem empenhado e motivado, como disse antes.
O dia a dia precisa fluir enquanto conseguimos administrar as prospecções. E o mais legal é que também contamos com eles nessas concorrências. E, quando precisamos ser e trazer coisas novas para as prospecções, procuramos levar as novidades também para os nossos clientes “da casa”. É nesta mistura do time que a gente se organiza. E é nela também que conseguimos trazer uma visão diversa para qualquer entrega.
Qual o segredo para uma agência se manter relevante e construir longas histórias de sucesso com as marcas?
Igor Binder – Eu acredito que, em primeiro lugar, a boa proximidade com os clientes, mostrando-se do lado deles em qualquer desafio. E nem sempre o desafio é de comunicação, mas estarmos ali, como parceiros do negócio deles, e atentos aos problemas e às soluções.
A campanha do “Vandalismo”, para a Prefeitura do Rio, nasceu assim, de um não briefing, mas do nosso conhecimento sobre os problemas dos nossos clientes.
Além disso, acredito que essa nossa incessante busca por inovação e tendências nos coloca em situação oportuna de apresentar novidades.
Que conselho você daria a um jovem aspirante a publicitário que gostaria de trabalhar na área de atendimento e gestão de estratégias, como você?
Igor Binder – Consuma de tudo um pouco, da TV ao TikTok, da revista ao OOH. Tente enxergar oportunidades para as marcas nos lugares mais inusitados, mas sempre com bom senso, claro. As oportunidades de publi/merchan estão em tudo, mas precisamos entender os espaços – sem molduras – para enxergá-las.