Head de conteúdo da Binder, Bruna Maba costuma dizer que, quanto mais a tecnologia e a inteligência artificial avançam, mais humanos precisamos ser. É um dos conselhos que costuma dar aos alunos, no papel de professora. Empreendedora, é fundadora da Maba Academy, uma escola de cursos e eventos em comunicação, marketing e empreendedorismo. Neste bate-papo, ela revela um pouco da sua jornada e da sua visão sobre comunicação e marketing, e conta como tem sido equilibrar a vida de publicitária com a de empreendedora – um desafio, segundo ela, de organização e comprometimento.
Bruna, qual a sua história com a Binder?
Bruna Maba – Cheguei à Binder em 2021, em plena pandemia. Faço três anos agora em outubro, com muito orgulho! No início, o desafio era organizar o time de conteúdo, que ainda não tinha muitos processos nem uma gestão propriamente dita. Saí de uma agência em que trabalhei por praticamente 16 anos e vim com a cara e a coragem. Mas confesso que, por mais que tenha sido um grande desafio, foi mais fácil do que imaginei, porque, na Binder, todo mundo se ajuda muito e fui muito bem recebida, tive suporte, muitas pessoas segurando pela mão. Sou muito grata por isso. Hoje sigo no time de conteúdo e ainda mais encantada pelo “jeito Binder de ser”.
E com a publicidade?
Bruna Maba – Nunca foi meu sonho. Mas venho de uma família de profissionais de educação física e meu objetivo era não seguir esse mesmo caminho, porque todos diziam que eu seguiria. Normalmente não gosto de seguir o que todos falam. Um dia, no 2º grau, em uma roda de amigas, uma delas falou que queria ser publicitária. Eu nunca tinha ouvido falar dessa profissão, meu mundo era o esporte e nem televisão eu assistia direito. Mas, como eu não sabia o que eu queria fazer, comecei a pesquisar, entender um pouco o que era e acabei me interessando de verdade e seguindo esse caminho. Entrei na faculdade querendo ser mídia, e acho que isso foi uma base maravilhosa para chegar aonde estou hoje.
E com a vida de professora?
Bruna Maba – Ser professora aconteceu estando no lugar certo, na hora certa. Mas tenho que dar um passo atrás para contar essa história. Eu sou muito cara de pau para algumas coisas e acho que é possível conseguir muita coisa na vida dando a cara à tapa, e foi isso que eu fiz. Eu já cursava comunicação social e estava buscando algo novo para fazer na área além do estágio em mídia. Eis que vejo uma palestra que iria acontecer aqui, em Petrópolis, onde moro até hoje, sobre um “tal de marketing digital”. Isso era 2008, o assunto estava começando a pipocar no Brasil. Fui à palestra, que foi ministrada pelo André Kischinevsky, pró-reitor do Instituto Infnet, uma renomada escola de Comunicação e Tecnologia que fica no Rio, e, ao final, quando ele abriu para as perguntas, levantei o braço e perguntei o que eu precisava fazer para ter uma bolsa na escola dele, porque eu havia gostado muito da palestra e gostaria de estudar sobre o assunto. Todos riram, inclusive ele, que respondeu prontamente para que eu o procurasse ao final do evento. Assim o fiz, e ali começou uma parceria duradoura. Estudei lá, depois tive a oportunidade de seguir com eles prestando serviços como agência de publicidade deles e recebi o convite para fazer o teste para docente. E foi assim que surgiu a professora Bruna Maba, estando preparada para agarrar a oportunidade. E a receptividade dos alunos foi ótima, me apaixonei pela sala de aula. Depois disso veio Senac, Universidade Católica de Petrópolis, entre outros convites para cursos livres e palestras, e, agora, o sonho da minha própria escola.
Conta como tem sido equilibrar a vida de publicitária com a de empreendedora? Como foi a sua trajetória como empreendedora a ponto de lançar uma escola?
Bruna Maba – Equilibrar a vida de publicitária com a de empreendedora é um desafio de organização e comprometimento. O principal é saber que tem horário certo para atuar em cada “papel”, que a Binder segue sendo minha prioridade no horário comercial e que, na Maba Academy, minha escola de cursos e eventos em comunicação, marketing e empreendedorismo, não estou sozinha, tenho minha sócia e nosso time, que cumprem papéis complementares e me cobrem sempre que necessário.
Sobre a trajetória como empreendedora, confesso que isso nunca foi um sonho, mas acabou acontecendo de forma muito natural, e a vida me trouxe por esse caminho. Os alunos pediam os cursos, e eu precisava ficar esperando as instituições abrirem turmas, mas nem sempre era no tempo em que eu podia ou na frequência que eu gostaria, ou mesmo da forma que eu achava mais interessante para os alunos. Com isso, a coragem de empreender veio, junto com o empurrão da minha sócia e o incentivo do meu marido. Além disso, estar na Binder foi um ponto-chave e ainda é, porque, no marketing digital, que tudo muda muito o tempo todo, os professores precisam estar no mercado para conseguirem unir a teoria à prática, e isso, no meu ponto de vista, é imprescindível.
Quais os desafios para quem opta pelo “e” em vez do “ou” e atua em diversas frentes profissionais?
Bruna Maba – O maior desafio é a organização. Se você não consegue organizar o seu dia e definir certinho qual o momento de atuar em cada frente, a coisa desanda. E, claro, contar com pessoas comprometidas ao seu lado. Fora isso, quando as frentes são complementares e não concorrentes, uma só vai agregar a outra.
Como você enxerga a área de conteúdo dentro das agências hoje e o papel na conexão entre as marcas e as pessoas?
Bruna Maba – É uma área extremamente importante e que “serve” toda a agência, que está em constante evolução, muito impulsionada pela transformação digital e pelas mudanças no comportamento dos consumidores. Precisamos estar sempre atentos a tudo que acontece no nosso país e no mundo, sempre linkando o contexto dos clientes e dos jobs com todas essas questões. O time de conteúdo precisa combinar criatividade, estratégia e tecnologia, lembrando sempre que o ser humano deve estar acima de tudo e, como costumo falar, é sempre sobre pessoas. Não devemos conectar marcas e pessoas, mas sim as pessoas que estão por trás das marcas com aquelas que vão consumi-las. E o papel do conteúdo é justamente esse: traduzir o que as marcas querem comunicar entendendo o que as pessoas estão buscando conhecer, descobrir e consumir.
Quais os principais conselhos que você costuma dar para os seus alunos que desejam trabalhar em marketing digital e marketing de influência? (do’s e don’ts?)
Bruna Maba – O primeiro deles é que o falei anteriormente, que o marketing é sempre sobre pessoas. Quanto mais a tecnologia e a inteligência artificial avançam, mais humanos precisamos ser. E o segundo, mas não menos importante, é o fato de o profissional de marketing não poder mais ser um especialista, como era na época em que eu entrei na faculdade, por exemplo. Temos que ser mais generalistas, saber bem de muitos assuntos, segmentos e áreas, ou melhor, é como o Lucas Daibert, sócio e VP de planejamento da Binder, fala muito, que precisamos ser nexialistas, ou seja, devemos saber integrar perspectivas de diversas áreas do conhecimento para solucionar questões do dia a dia ou complexas, considerando os riscos e as consequências de diferentes ângulos. Isso faz com que sejamos profissionais mais completos e menos míopes.