“Gente é o meu combustível.”
Sim, nós o temos no nosso time, um dos “monstros sagrados” da criação no Brasil. E, nesta conversa, perguntamos para ele sobre prêmios, inteligência artificial, como envelhecer bem na publicidade, entre outros temas.
Salve, Jorge! Há poucos profissionais experientes como você verdadeiramente ativos na publicidade hoje em dia. Como envelhecer bem na publicidade e, especialmente, na criação?
Falsfein – “Quero ver fazer isso na munheca!” Engraçado que eu ouvi isso quando comecei em propaganda, e a Letraset estava chegando, uma revolução. Certamente passou um tempinho desde o meu bloco de papel-manteiga até o Midjourney, mas acredito que não perdi o que sempre me moveu em propaganda: a curiosidade, o bom humor e a vontade de criar a arte mais bonita para a melhor ideia.
Gente também ainda é meu combustível. Gosto de gente que me traz a ferramenta nova, a piada nova, o frescor da nova palavra e da arte inédita. É uma sorte estar em uma agência em que tenho tudo isso e onde o primeiro mandamento é a querideza, para todas as idades.
Qual a sua visão sobre o uso da I.A. na direção de arte e no design?
Falsfein – IDEIA acaba com I.A., mas não começa. No início, tudo é um papel em branco, um guardanapo, uma lembrança no chuveiro, uma sacada no terceiro chope ou um brainstorm que virou a noite. O início é a ideia, e a I.A. é uma ferramenta. Quem melhor souber usá-la melhor vai preencher seu papel em branco.
Como ser relevante na era dos influenciadores e da escassez de atenção?
Falsfein – O que foi mesmo que perguntou? rs Essa é difícil, ainda estou aprendendo, mas acho estranho já ter ouvido algumas verdades absolutas em mídias recém-nascidas.
Que campanha mudou a sua vida profissional?
Falsfein – Essa é fácil, mas não foi uma campanha. Foi um Rock in Rio que passou em minha vida e me deixou levar. Foram mais de dez edições de festival, fiz de lenço de seda até filme em Praga com Donald Sutherland. Imagine juntar design com Paul McCartney, branding com Sting, direção de arte com Elton John. Obrigado, Roberto Medina, que me deu a campanha das campanhas.
Quem são os seus ídolos de hoje?
Falsfein – Os ídolos de hoje eu sigo enquanto aparecem nos feeds, mas não lembro o # rs. E tenho alguns ídolos de sempre que não me esqueço e espero que continuem sendo relevantes: Neville Brody, Paula Sher, Phillipe Stark, David Carson, Aloísio Magalhães.
Prêmios: seguem importantes para alavancar carreiras?
Falsfein – Taí uma coisa que não mudou. Quem não quer um leão, uma estrela, um lápis, a glória eterna enquanto dure? Não sei se um Texugo de Prata, na categoria melhor post fantasma, alavanca a carreira hoje em dia, mas acho que até já alavancou. Eu ainda torço para o prêmio que teve um cliente de verdade, virou briefing, saiu em algum lugar, alguém viu, gostou e comprou.
Fale sobre algum trabalho mais recente na Binder do qual você se orgulha especialmente.
Falsfein – Um trabalho que foi uma boa revisitada na pergunta sobre a campanha que marcou a minha vida profissional. Foi o branding pra Arca, um coworking bem bacana, marca, cara, tom de voz, de olhar, decoração etc. Quero mais disso.
Se você pudesse voltar ao seu início na publicidade, o que diria ao “jovem diretor de arte” que você era?
Falsfein – Salve, Jorge! Faça tudo igual, mas faça também uma previdência privada.