“O futuro dos jogos e da publicidade será cada vez mais integrado e interativo.”
Raquel sempre foi fã de comunicação. Desde pequena, achava interessante como a propaganda na TV era capaz de compartilhar, junto às mensagens em forma de vídeo, sentimentos e emoções. E, ao fazer isso, era capaz de vender! Na faculdade, ela primeiro cursou Relações Públicas, mas depois acabou optando por Publicidade e Propaganda.
Ocorre que Raquel tem um lado B: é gamer desde os 8 anos de idade. Ou seria o seu lado B a publicidade?
Conversamos com ela – que está na mídia da Binder desde maio de 2020 – sobre a paixão pelos games.
Quando e como você começou a se interessar por jogos? Houve algum jogo ou momento específico que despertou sua paixão pelo universo gamer?
Raquel – Comecei jogando bem cedo, com 8 anos. Meu pai montou um PC na ocasião para poder jogar Duke Nukem. Um jogo um tanto quanto violento para uma criança dessa idade, ainda mais uma menina, pelo contexto em geral do jogo, que envolvia matar aliens, mulheres dançando, enfim coisas que uma criança de oito anos, ainda mais uma menina, não deveria jogar rsrsrs. Mas, de qualquer forma, fiquei muito interessada e aproveitava que meu pai embarcava 15 dias na plataforma para jogar sem limites. E esse foi o primeiro jogo que eu tive contato efetivo, e logo de cara amei. A partir daí, comecei a conhecer outros jogos. Mas esse foi um momento, ápice. Foi o primeiro game que joguei, um jogo de FPS, que é de First Person Shooting, tiro de primeira pessoa. E é um dos gêneros de jogos que eu mais curto até hoje. Jogos de tiro de modo geral.
Que jogos você curte e quanto tempo costuma dedicar aos jogos online?
Raquel – Hoje pratico uma variedade de jogos de diferentes gêneros. De ação, como Forza Horizon, Forza Motorsport, que são voltados para a corrida de carro. Também gosto de jogos de RPG, que são de exploração, de mundo aberto, e muitos desses têm também aspectos de então, consigo unir a minha paixão por jogos de FPS e RPG.
Joguei muito multiplayer (online com outros players). Hoje já não curto tanto o online (muito estressante, e os jogos vêm gradativamente perdendo a qualidade nesse sentido), então prefiro os que são modo campanha/história, ou seja, em que posso jogar offline, assim consigo ir no meu ritmo, sem pressa, sem estresse.
Normalmente jogo durante o fim de semana, porque em dia de semana fica um pouco mais corrido, a não ser quando tem algo muito importante, um jogo que eu receba antecipadamente, que eu preciso jogar para fazer review, nesse sentido. Mas, normalmente, por eu ser CLT e também ter uma vida dupla de canal e outras coisas da vida em si, acabo jogando mais aos sábados e domingos.
Existem desafios em manter essas duas atividades – a vida de publicitária e de gamer – simultaneamente?
Raquel – Desafios sempre existirão, independentemente do rumo que a gente trace para a nossa vida. A relação de vida de publicidade com o game, muitas vezes, acaba se espelhando, porque a publicidade, assim como os jogos, é sobre contar uma história, e como a gente recebe essas informações fica gravado no nosso DNA.
O estilo de jogos que eu gosto hoje, que são de RPG, contam histórias, criam uma sinergia com personagens, acabam muito se cruzando com a vida de um publicitário, porque a gente tem que contar uma história para vender aquele produto ou serviço. Então, manter as duas atividades acaba sendo um pouco desgastante pelo tempo em si que eu tenho, fazendo essa dualidade de horas, trabalhando como publicitária, pensando em soluções, criando campanhas e coisas nesse sentido, e ainda ter ânimo para jogar depois de um dia cansativo. Então, sim, é difícil manter os dois, mas sempre dou um jeitinho de conseguir equilibrar de uma forma relativamente tranquila.
Você acha que suas habilidades como gamer influenciam de alguma maneira sua abordagem no trabalho publicitário? E vice-versa?
Raquel – Com certeza, jogos, em geral, têm muitas correlações com a vida real, inclusive acabei de gravar dois vídeos para o canal abordando esse tema. As demandas, as frustrações, os nossos problemas são teletransportados de um jeito, quase sempre, lúdico para eles. E, muitas vezes, nos obrigam a tomar decisões que a gente não gosta ou em um período rápido de tempo, sem muita oportunidade para pensar. E, assim como os jogos são espelhos da vida real, há publicidade também. Geralmente, a gente trabalha sob pressão, com prazos apertados, com campanhas para subir. Trabalhar com outras pessoas, outros setores, ter essa dualidade de saber, o famoso gingado ou rebolado, para você poder atender a tudo e a todos de forma saudável. Então, essa jogada de pressão e todas essas coisas que a gente aprende na vida de publicitário também são teletransportadas para os jogos e vice-versa.
Como o ato de jogar estimula sua criatividade?
Raquel – Como gosto de muitos jogos com temática de exploração, e uma das principais características desse estilo é observar, analisar e interagir com os famosos NPCs (Non-Playable Characters), que são personagens com os quais você não consegue jogar, mas consegue interagir, que fazem parte daquele universo, estimulam e trazem muitas das vezes dúvidas, desafios, missões para resolver, essas coisas acabam estimulando a minha criatividade. No caso, porque eu preciso resolver, às vezes, problemas que jamais aconteceriam na minha vida real, primeiro pela localização, pelo país em que eu moro ou até mesmo pela história em si, que é muito aquém da nossa realidade da vida real. Então, acaba que preciso tomar decisões e agir de modo criativo para poder resolver aquele problema em questão, daquele personagem que está interagindo comigo. Então, isso faz com que eu pense a mais para poder resolver uma adversidade que muitas vezes não existiria porque é um mundo de ilusão, fictício.
Como é a sua rotina como gamer? Quantas horas você dedica por semana aos jogos?
Raquel – Minha rotina como gamer vai além de só jogar. Como eu curto muito jogos de forma em geral, estou sempre consumindo notícias e novidades relacionadas a esse mundo. Até porque tem muita correlação também com o mundo da tecnologia, e essas coisas que me interessam bastante. Acaba que meu dia a dia é sempre ler notícias, entrar nas principais redes sociais para ver o que o pessoal está falando, visitar blogs e sites especializados para entender sobre o que está acontecendo, até acompanhar a bolsa de valores das principais desenvolvedoras de games e também de softwares para entender o que se passa, porque muitas dessas coisas acabam respaldando o desenvolvimento dos jogos em si. Então vou muito além só de jogar. Por conta disso, jogando e também consumindo conteúdo de modo geral desse universo, eu diria que dedico umas 3 a 4 horas por dia nisso tudo.
Como você vê o futuro dos jogos e da publicidade interagindo?
Raquel – Vejo o futuro dos jogos e da publicidade como algo cada vez mais integrado e interativo. À medida que a tecnologia avança, a linha entre entretenimento e marketing tende a se tornar mais tênue, com as marcas explorando novas maneiras de se conectar com os consumidores dentro dos jogos.
Aqui estão algumas tendências que acredito que veremos no futuro:
Publicidade Integrada e personalizada: com a crescente sofisticação dos algoritmos de IA, a publicidade nos jogos será cada vez mais personalizada. Os anúncios poderão se adaptar em tempo real ao comportamento do jogador, mostrando produtos ou serviços que são relevantes para aquele momento específico no game.
Experiências imersivas com Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR): a publicidade em AR e VR permitirá que os jogadores interajam com as marcas de maneiras completamente novas. Imagine, por exemplo, explorar um mundo virtual onde você pode testar produtos reais, participar de eventos patrocinados por marcas ou até mesmo comprar itens físicos dentro de um jogo.
Parcerias e jogos branded: marcas e desenvolvedores de jogos provavelmente formarão parcerias ainda mais estreitas, criando games que são projetados para promover produtos ou serviços, mas que ainda assim oferecem uma experiência de jogar envolvente. Esses jogos branded podem ser usados para contar histórias de marcas de modoinovador.
Economias virtuais e NFTs: com o crescimento dos games que incorporam economias virtuais e tokens não fungíveis (NFTs), as marcas poderão criar produtos digitais exclusivos que os jogadores poderão colecionar, trocar ou usar dentro de jogos. Isso não apenas criará novas oportunidades de receita para as marcas, mas também aumentará o engajamento do jogador.
Publicidade social e influenciadores: os influenciadores de jogos continuarão a ser uma ponte crucial entre marcas e consumidores. As campanhas publicitárias se tornarão mais colaborativas, envolvendo diretamente os jogadores mais populares para criar conteúdo que ressoe com suas audiências.
Você já trabalhou em campanhas publicitárias que foram inspiradas pelo mundo dos games?
Raquel – Já trabalhei com marcas que queriam se associar ao mundo dos games, fazendo uma conexão do seu produto ou serviço com esse perfil de usuário, que joga bastante, que fica muito em casa, que tem um nível um pouco mais elevado quando se diz de tecnologia, um pouco acima da média, digamos assim. A experiência sempre é interessante porque você pega um cliente, no caso, que não é do universo gamer e quer que a gente interaja e inclua o produto ou serviço dele para o nosso universo. Em todas as campanhas em que já trabalhei nesse formato, todos os clientes foram superabertos em deixar eu falar da minha forma para o meu público, como era a melhor indicação de trazer aquele conteúdo. Obviamente trabalhando dentro do mote da campanha, das cores, atentando aos detalhes nesse sentido, mas a experiência sempre foi muito positiva de tentar trazer produtos que não são necessariamente do universo gamer e correlacionando entre si. Então é bem interessante ver que cada vez mais marcas estão vindo para esse mundo. De modo geral, as experiências para mim foram bastante positivas.