O Rio Innovation Week foi um palco vibrante para debates que navegaram entre tecnologia, ciência, cultura, arte, empreendedorismo, criatividade e espiritualidade. Com cerca de 185 mil visitantes, 3.300 palestrantes e presença de 2 mil startups, o tom das discussões foi marcado pela busca de uma harmonização da ciência com a humanidade, como destacou Fábio Queiroz, diretor do evento. Houve encontros memoráveis dedicados exatamente a essas conversas, unindo cientistas com perspectivas humanistas e pensadores de todas as áreas para conversas sobretudo necessárias.
O cientista e escritor Marcelo Gleiser ganhou um palco para chamar de seu e lembrou a todos que, quando dessacralizamos a natureza e a tornamos utilitária, demos início a um processo de destruição que nos trouxe para a longa emergência que vivemos hoje. No seu palco, ocorreu o encontro mágico entre ele, o poeta e pensador indígena Ailton Krenak e a monja Coen. Krenak sugeriu a descolonização de pensamentos e corpos no lugar de pensar em colonizar outros planetas. A Monja fez um convite: que a humanidade desperte e enxergue que somos todos seres originários no planeta Terra, e nos falta justamente fazer o resgate de quem realmente somos.
Cientistas com visões de mundo semelhantes, o austríaco Fritjof Capra e Marcelo Gleiser discutiram a necessidade de uma visão sistêmica da vida, celebrando o papel das novas gerações e das organizações não governamentais na construção de um futuro sustentável.
A programação eco-humanista incluiu ainda a ativista ambiental, filósofa e ecofeminista indiana Vandana Shiva, com reflexões essenciais sobre como a humanidade se descolou da natureza e do planeta Terra em nome da exploração desmedida e irresponsável. Ela propôs o fim do apartheid ecológico e da ilusão de que somos separados ou superiores à natureza. Vik Muniz trouxe considerações profundas sobre a falta de visão de futuro que acomete a população, sugerindo que a arte nunca foi tão essencial – mas que deve ir além do entretenimento e buscar um propósito maior.
Até mesmo Mr. Orkut, criador do Orkut, trouxe uma mensagem humanista para o evento: sua fala focou nos desafios enfrentados pela geração Z em meio ao vazio criado pelas redes sociais, destacando a importância de promover conexões reais.
A ativista Nadia Murad, vencedora do Nobel da Paz, também teve oportunidade de levar aos participantes do RIW uma poderosa palavra sobre a situação das mulheres e minorias perseguidas, inspirando com sua surpreendente história de sobrevivência.
Binder marca presença
A Binder, parceira do encontro pelo terceiro ano, novamente assinou a identidade visual, marcou presença com um estande no Armazém Kobra e contribuiu para as discussões sobre o futuro da publicidade e dos negócios de maneira geral.
Glaucio Binder, sócio-fundador da Binder, liderou um painel sobre o uso da Inteligência Artificial na publicidade, no qual ficou evidente que, apesar do potencial disruptivo da tecnologia, o crivo humano é fundamental para garantir resultados excelentes.
Lucas Daibert, vice-presidente de planejamento da Binder, trouxe uma perspectiva de futuro ao palco Conecta Varejo, prevendo que, em 2029, o chat GPT será 100 mil vezes mais potente, uma transformação que afetará profundamente o ambiente de negócios. “Para nós, estar no Rio Innovation Week é uma alegria e também um compromisso, porque, além de bebermos desta fonte incrível de inovação, trazemos um pouco da nossa visão sobre a construção de futuros viáveis para os negócios para um público imenso, com sede de conteúdo”, disse Daibert.
O sócio e diretor de criação Marcos Apóstolo também levou uma conversa para o mesmo palco, abordando os desafios e as oportunidades que a IA traz para o branding. Vale registrar ainda o nate-papo de Claudio Romano, diretor de growth da Binder, com o time de inovação da CAIXA, que contou, no palco Open Innovation, que vai abrir o primeiro hub de inovação e começa a formar uma rede de conexões com startups, transformando a cultura interna e expandindo oportunidades.
IA
Entre as muitas conversas sobre Inteligência Artificial, a especialista em inovação Marta Gabriel enfatizou que “os humanos precisam se misturar com as máquinas” para sobreviver no ambiente de negócios atual. Outro olhar apurado sobre o tema veio do cientista da computação americano Peter Norvig. Sabatinado pelo jornalista Pedro Dória e pela pesquisadora Tatiana Roque, ele se mostrou otimista, mas alertou para a incerteza que a inteligência generativa traz. “A Inteligência Artificial muda a nossa visão sobre o nosso lugar na natureza e a nossa visão de nós mesmos, como humanos”, disse. E usou a frase clássica do personagem do Homem-Aranha, repetida desde os anos 60 por Peter Parker e que sem dúvida resume todas as discussões atuais em torno do tema: “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”.