De acordo com o Índice de Transparência, publicado recentemente pela Connected Impact e Ringer Science, nos EUA, o greenwashing está em declínio: apenas 2% das instituições americanas exageraram na promoção do progresso ESG. O que vem ocorrendo é justamente o oposto: 58% subpromoveram o progresso. O relatório, que analisou mais de 600 mil ações de comunicação corporativa em 200 empresas dos EUA e do Reino Unido ao longo de 12 meses, reforça pesquisas anteriores da South Pole, companhia de atuação global voltada para projetos e estratégias de redução de emissões. (https://www.southpole.com/news/survey-finds-most-companies-going-quiet-on-green-goals).
Este “silêncio verde” é resultado de uma legislação mais robusta, de ações judiciais de grande repercussão e de níveis de informação cada vez maiores na sociedade. Para os defensores do meio ambiente que passaram décadas combatendo o greenwashing, a mudança não é exatamente uma boa notícia, uma vez que o silêncio representa perda de ímpeto (as empresas se tornam menos ambiciosas nos objetivos) e, consequentemente, menor compartilhamento de soluções.
Algumas instituições contrariam a tendência. O Google revelou recentemente que as suas emissões de gases de efeito estufa em 2023 foram 48% superiores às de 2019, fato atribuído principalmente aos data centers, em consequência do crescimento da Inteligência Artificial. Efeito semelhante tem sido visto na Microsoft, outro forte player em IA, que viu as emissões de sua cadeia de suprimentos subirem (em 2020, a empresa se comprometeu com negativar as emissões de carbono até 2030).
Não são números bons, mas são públicos. Reconhecer abertamente os desafios do cumprimento das metas climáticas é fundamental para criar um diálogo honesto em torno do tema. E, enquanto as marcas ampliam ambições em torno da IA, será essencial considerar o impacto ambiental da mudança, bem como as possíveis compensações. Construir confiança por meio da transparência não é novidade, mas crescem as preocupações em torno dessa construção por parte das marcas, na medida em que o conhecimento sobre sustentabilidade se entrelaça às preocupações com o ritmo e os impactos da IA.
(Tema pinçado no site Trendwatching e trazido por Vicki Loomes, head de tendências da plataforma)
Imagem de destaque criada com I.A.