Em entrevista ao podcast “Lives of Tomorrow” (assinado pela consultoria de tendências WGSN e liderado pela sua CEO, Carla Buzasi), a estrategista cultural e líder de tendências Martina Rocca afirmou que é impossível preparar-se totalmente para o futuro. Mas é possível, para as marcas, através do olhar constante para as tendências, criar uma espécie de elasticidade, de anti-fragilidade na forma de operar, pensar e interagir com os consumidores. Segundo ela, o papel das instituições empresariais, das marcas, na sociedade está mudando. Marcas tornam-se cada vez mais atores da cultura, que constroem valor social, cultural e ecológico. E essa tendência desafia os modelos de negócio tradicionais.
“As empresas receberam muito poder da sociedade e das instituições, e precisam estar conscientes deste poder. É uma responsabilidade que vai além de criar lucro e valor para si ou para os acionistas, e passa por partilhar esse valor para a cultura, para o meio ambiente, para a natureza, para a sociedade, para as comunidades que estão interligadas com a marca.”, diz Martina, que costuma recomendar às marcas que tenham claros o seu propósito e os seus valores como negócio.
Segundo ela, verdadeiras transformações no mundo das marcas só virão depois que líderes empresariais, CEO’s e gestores se conectarem com o que ela denominou “identidade ecológica”.
“Meditação, contemplação, contemplação natural, ritualidade, a mudança de mentalidade precisa ocorrer internamente, para refletir em suas ações, seu comportamento e suas escolhas nos negócios, para realmente trazer o poder transformador para as ações que realizam”, disse Martina.
Mas como equilibrar todas as pressões dos diferentes stakeholders e simplesmente “fazer a coisa certa”?
Martina diz que não existe uma solução única, que sirva para todos, mas uma combinação de diferentes estratégias, táticas, ações e mudanças que, combinadas, podem resolver o desafio. Cultivar e aproveitar o relacionamento individual com a natureza costuma funcionar para impulsionar a energia necessária para uma verdadeira mudança de mentalidade, capaz de transformar escolhas.
É bom, e também é doloroso estar em uma época global de transição massiva. É, ao mesmo tempo, perturbador e poderoso.
“Estamos estabelecendo as bases de um novo modelo de vida, de pensamento, de fazer negócios e isso traz uma enorme oportunidade de criar algo que seja valioso para todos”, conclui.
Fica a dica do podcast “Lives of Tomorrow”, que contém uma série de conversas da CEO da WGSN com especialistas, sobre tendências para o futuro.