Tati Soter é consultora de gente e gestão da Binder e sociedade da Mastersoul , uma empresa de treinamento e desenvolvimento de liderança humanizada.
Nesta conversa, ela divide conosco um pouco do que pensa sobre cultura corporativa, sua visão sobre modelos e ambiente de trabalho e sobre sua escolha de trabalho com desenvolvimento de pessoas e gestão.
Tati o que é, afinal de contas, cultura corporativa, como vive e do que se alimenta?
Tati – Cultura corporativa nada mais é do que o “como” faz as coisas em uma empresa. Quais são os seus valores, ou seja, o que tem valor para cada corporação. Quando estamos definindo os valores, é sempre importante tangibilizar o que aquele valor é, e também deixar claro o que não é. A cultura também está intrinsecamente relacionada à liderança. Falamos bastante sobre este ambiente de constante mudança e evolução, mas as organizações não conseguem se transformar, a menos que as pessoas que estão não topo repensem seus comportamentos. A cultura organizacional é um reflexo da liderança atual e do legado das lideranças anteriores. É como o DNA de uma empresa, a sua essência. Mas a cultura não se restringe à definição de missão, visão e valores. Para alimentar a cultura corporativa, é fundamental a formulação de rituais, que reforce esses valores no dia a dia.
Por que você decidiu trabalhar com liderança e cultura corporativa nas empresas?
Tati – Este sempre foi um tema que me interessou bastante, e já pratiquei com as equipes que lideraram minha experiência em agências de propaganda, área em que trabalhei como executiva por muitos anos. A pandemia foi um grande evento coletivo de mudança de mentalidade e busca por propósito. Em algum momento, todos se perguntaram por que estavam fazendo o que estavam fazendo, e eu também passei por esse processo. E entendi que o que mais me encantava era o trabalho focado nas pessoas, por isso me preparei para uma transição de carreira, na qual eu pudesse me dedicar integralmente ao desenvolvimento de pessoas e gestão, que é onde sinto que posso, ao mesmo tempo, contribuir e ter essa sensação de realização.
Qual a sua visão, hoje, sobre o modelo de trabalho híbrido? Você quer ficar?
Tati – Eu acredito que o modelo de trabalho híbrido veio pra ficar. A pandemia alterou as relações de trabalho e o que mudou de mais importante foi que as empresas tiveram que “sair do automático”. Ninguém se questionava se era necessário ou não ir ao escritório: todos simplesmente saíam de casa de manhã e voltavam à noite, todos os dias. Todos sabiam que encontrariam os colegas no trabalho, então muitas vezes não se programaram anteriormente. Com o trabalho remoto, as pessoas passaram a precisar se organizar melhor, com alguma antecedência. A gente viu que o trabalho remoto pode aumentar muito a produtividade, mas por outro lado, a conexão humana também é muito importante. Ela ajuda a aumentar a confiança, que é um dos fatores chave para a felicidade e o engajamento e, por consequência, para obter resultados. Portanto, na minha visão, o híbrido é o formato ideal, porque junta o melhor dos dois mundos. E as pesquisas mostram que este é formato preferencial, pois as pessoas não querem abrir a mão do que conquistaram.
Você acredita que o modelo 100% presencial, para determinadas especificidades, não retornará?
Tati – Acredito que é perfeitamente possível trabalhar no modelo 100% presencial, e inclusive isso está totalmente em linha com os anseios de muitos profissionais. Embora algumas empresas estejam forçando esta pauta de retorno 100% presencial, isso tem mais a ver com uma liderança baseada no “comando e controle”, do que com as expectativas dos colaboradores. Por isso, entendo que a volta compulsória, sem a devida reflexão, seria um retrocesso. Vivemos o momento mais solicitando recrutadores de todos os tempos, pois não estamos competindo por talentos apenas entre as empresas, estamos competindo com tudo mais que as pessoas querem fazer das suas vidas. Portanto, precisamos ter essa relação mais horizontal e abrir espaço para contemplar os desejos de ambas as partes. E em um negócio como propaganda, é totalmente possível trabalhar remotamente. E, conectando-se com a questão da cultura, para que o modelo seja possível, é fundamental que uma empresa valorize e endosse a confiança e crie rituais que sustentem e endossem este valor. Por fim, vemos o trabalho 100% remoto como uma grande revolução nas empresas, abrindo a possibilidade real de uma diversidade maior – ter colaboradores de diversos estados, com diversos sotaques, eventualmente até em outros países.
Como você visualiza projetos como o ranking Great Place to Work – para que servir, qual o seu papel?
Tati – Acho que o GPTW é uma bússola poderosa. É uma ferramenta muito legal, pois as dimensões de alteração, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem trazem informações muito relevantes sobre como nosso tempo está vendo questões relacionadas à liderança e ao ambiente de trabalho. A Binder participa todos os anos e, mais importante do que a certificação, é uma oportunidade de termos um feedback muito preciso de onde a agência está acertando, e onde precisa evoluir. E procuramos fazer uma análise muito criteriosa de cada dimensão, e transformar estes feedbacks em projetos que possam atender aos anseios trazidos ao longo do tempo e tangibilizar esta evolução.
Conte uma curiosidade sobre você que ninguém sabe ainda.
Tati – Tive um stand na Babilônia Feira Hype! Sempre fui apaixonado por papelaria e tinha um negócio de artesanato, cadernos e cartões feitos à mão. Fiz um curso de encadernação manual quando morei em Buenos Aires, e até a certificação como artesã eu fiz!